A mensagem "Vencedores não comem carne" que antecede a tela-título de "Scott Pilgrim Vs The World" dá o recado: o jogo foi feito para os fãs de fliperamas clássicos dos anos 90.
A mensagem é sátira de uma clássica campanha entre os anos de 1989 até 2000, em que o diretor do FBI William S. Sessions alertava sobre os malefícios da droga com o slogan "Vencedores não usam drogas" estampado em boa parte dos jogos de fliperamas mais jogados na época, como "Teenage Mutant Ninja Turtles", "Golden Axe" e "The Simpsons Arcade".
A referência aos games antigos não é gratuita. Assim como o filme que está por vir, os quadrinhos de Scott pilgrim bebem da cultura nerd, geek e gamer com freqüência em sua trama, e a Ubisoft aproveitou a deixa para fazer de "Scott Pilgrim Vs The World: The Game" uma verdadeira ode a games antigos da Konami assim como "Street Fighter", "Super Mario Bros" e "Streets of Rage".
Moleque encrencado... em 2D
Aventura com pixels em Toronto |
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Na luta pela sobrevivência, Scott conta com a ajuda da namorada Ramona e mais dois amigos: a colegial Kim e o bem-arrumado Stills. Toda a trama, aliás, é contada em uma emocionante apresentação em 2D que lembra bastante o visual e estilo da cena de abertura de "Street Fighter Zero 3".
Perceber as citações, homenagens e inspirações de jogos em 2D é, aliás, uma das coisas mais divertidas de se fazer enquanto joga "Scott Pilgrim". Após a apresentação, a pancadaria não demora a rolar solta. O jogador pode escolher qualquer um dos quatro personagens em modo solo ou até dividir a ação com mais quatro amigos controlando cada um dos heróis - apenas no mesmo console, nada de modo online, infelizmente.
Os cenários em progressão lateral seguem o padrão clássico de jogos de luta, mas a forma como a narrativa acontece lembra bastante fliperamas da Konami, principalmente "The Simpsons Arcade". A mecânica pode ser modificada de acordo com a preferência do jogador para a corrida: com dois toques sutis no direcional, como em "Streets of Rage", ou mantendo a direção pressionada, tal qual ocorre em "Teenage Mutant Ninja Turtles".
Scott Pilgrim enfrenta tudo, até zumbis |
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Além de inspirações diretas nos controles, há alguns pequenos detalhes inspirados em "Super Mario Bros. 3" , como o icônico mapa mostrando as fases e coleta de moedas dentro de caixas de metal e tijolos. As moedas podem ser utilizadas para compra de diversos itens de aperfeiçoamento e força ou para recuperar energia nas diversas lanchonetes espalhadas pelo mapa.
Na tela de bônus, aliás, há um surpreendente efeito de chiado e pixel estourando na tela, simulando o efeito de um cartucho sujo ou danificado que fará os veteranos chorarem de emoção e relembrarem seus tempos assoprando as "fitas".
Produção impecável
Sete ex-namorados do mal |
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A paleta de cores limitada lembra o Nintendinho, mas os sprites grandes dos personagens remetem ao potencial mais robusto dos arcades, bem como a grande quantidade de elementos dos cenários. Para refinar ainda mais a experiência, a Ubisoft acrescentou uma animação fluída nos elementos móveis, fazendo com que Scott e sua trupe tenham movimentos tão animados quanto os mais modernos jogos de luta.
Tudo no jogo possui serrilhado aparente, e nem há a possibilidade de um filtro para corrigi-los. O que poderia ser um defeito se transforma no grande charme do jogo, pois combina com a atmosfera retrô.
História moderna, ação retrô |
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O som, apesar de utilizar baterias sintetizadas semelhantes às dos oito bits, é composto com extrema competência pela banda americana Anamanaguchi - que trabalha apenas com chiptunes, músicas feitas por consoles de 8-bits.
A trilha sonora é repetitiva e pode cansar com o tempo, mas é louvável perceber que as composições assumem em cada cenário o estilo de seu chefão (em Leo's Place, por exemplo, rola um rock pesado remetendo ao chefe de fase, a banda The Clash of Evildead). Curiosamente, os produtores optaram por não colocar vozes digitalizadas nos heróis, o que ajudaria a criar ainda mais a experiência de um jogo clássico.
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