Sempre temidos, sempre odiados
X-Men: Destiny começa de forma um pouco corrida e “do nada”. Quem não é tão fã dos quadrinhos pode acabar um pouco perdido, já que a saga parte do princípio que o jogador conhece os personagens bem e também o seu universo. Dito isto, saiba que o Professor X, ou professor Xavier, está morto. E isso não é um spoiler, já que faz parte da sinopse do game. Com isso, Ciclope e Emma Frost (a Rainha Branca) assumem seu lugar como líder da Escola para Jovens Super Dotados e tentam criar, enfim, paz entre humanos e mutantes.
Durante um discurso, os X-Men estão com a palavra e tentam fazer com que todos entendam que eles estão ali, entre iguais, e não como ameaças. Paralelamente, um grupo conhecido por pregar ódio contra mutantes está nas redondezas, protestando contra o evento de “paz”. É neste meio de multidão que conhecemos nossos três possíveis protagonistas do jogo.
Andando por entre as pessoas estão os personagens – Aimi Yoshida, jovem refugiada do Japão; Grant Alexander, estudante e jogador de futebol americano; e Adrian Luca, um tipo de office boy moderninho. O jogador tem a tarefa de escolher entre um deles para que viva a saga. Mas como a escolha afeta o game em si? Cada personagem tem sua própria história inicial e diálogos com os personagens da aventura, basicamente.
Após de tal escolha, é hora do caos. Claro que tudo não sai como planejado no discurso e um misterioso ataque ameaça humanos e mutantes. Aparentemente é Magneto que está por trás de tudo, mas ninguém sabe ao certo. Cabo aos X-Men impedirem que o pior aconteça, tarefa que também é do jogador, que possui poderes recém-adquiridos.
Jogabilidade indecisa
X-Men: Destiny é um jogo em cima do muro. Ele não sabe sequer ser RPG, se quer ser um game de aventura, de ação ou apenas de pancadaria sem fim. A Activision o vende como um título repleto de possíveis escolhas, onde as decisões do jogador afetam a história e sua evolução de poderes. Na verdade, não é bem assim.
Comecemos pela jogabilidade, bem básica, na verdade básica até dizer chega. A ação ocorre em terceira pessoa e o jogador conta com os botões de sempre – ataque fraco, ataque forte, pulo, entre outros. E possível fazer combinações de golpes e, claro, combinar botões entre si para golpes especiais, como um salto que culmina com uma grande pancada no chão, que faz afastar os inimigos. Porém, a coisa não evolui muito daí.
Ao jogar um pouco com os três personagens (começando um novo jogo com cada um) é possível notar que a jogabilidade entre eles não muda. Os golpes básicos sempre serão os mesmos. Para tentar varia um pouco entra em cena a decisão de poder principal. No início do game o jogador é convidado e selecionar qual vai ser seu poder primário – Controle de densidade, projeção de energia e sombras materiais. Os nomes são bem diferentes, mas não espere uma grande variação entre eles. São, basicamente, poderes de ataque com brilhos e efeitos especiais, nada mais.
Talvez você pense que passar o game inteiro com um poder só seja um pouco sem graça. Talvez, e por isso mesmo a produtora resolveu inserir um esquema sem pé nem cabeça, onde o jogador pode coletar “genes” de outros mutantes famosos e utilizá-los em forma de poder. Isso não é muito bem explicado no game e acaba soando forçado. É possível, por exemplo, utilizar pele de gelo do Homem de Gelo e, ao mesmo tempo, ser super-rápido com o poder de Mercúrio. Para piorar, os possíveis personagens de onde coletamos os genes são até variados, mas há poderes iguais entre eles. A velocidade, por exemplo, pode ser obtida tanto de Mercúrio quanto de Estrela Polar.
Decisões, decisões, decisões
Como citamos, uma das novidades que rodeavam a premissa de X-Men: Destiny era seu sistema de decisões. A promessa era de que o jogo seria, no mínimo, parecido com o popular Mass Effect, com diversas opções de diálogos e decisões que afetam o desenvolvimento do personagem e da história. Bem, a promessa passou longe disso, bem longe.
O jogo é, sim, cheio de diálogos – todos dublados – e também com decisões, mas elas na verdade não afetam em absolutamente nada. Ok, afetam o final do game, que pode ser bom para os X-Men ou bom para a Irmandade de Mutantes (os vilões), mas o desenrolar de toda a história continua na mesma, bem como o suposto desenvolvimento do personagem e sua relação com figuras famosas que aparecem no game. No final das contas, ficou tudo na promessa, uma decepção atrás da outra.
As “variações” do jogo se limitam às possíveis combinações dos poderes dos genes (explicados ali em cima) e também a uma ou outra escolha de diálogo que é importante para o final. Aliás, o final é definido por pontos de Irmandade ou pontos de X-Men, que o jogador ganha se ficar do lado de uma ou outra facção.
Vale lembrar ainda que o game não dura pouco mais de cinco ou seis horas nas mãos de jogadores mais animados. Tudo bem que a premissa é terminar a história com os três heróis principais (o que pode somar até 15 horas de jogo), mas a verdade é que não há o mínimo incentivo para isso, já que a aventura pouco varia. Se ao menos os poderes mudassem, mas nem isso.
Participações mais do que especiais
Um dos poucos pontos positivos do game fica por conta das participações especiais, ou nem tão especiais assim, já que não dá para ter um jogo de X-Men sem… os X-Men. Espere encontrar figuras famosas tanto pelo lado do bem quanto por conta dos vilões. O onipresente Wolverine, claro, não poderia deixar de aparecer, mas ele só pinta mais para a frente da história.
A lista de participações é grande, com nomes bem famosos (Ciclope, Noturna, Gambit) e outros nem tanto assim, que só os fãs e leitores atuais dos quadrinhos Marvel vão reconhecer (como Faísca e Fada). A escolha dos personagens foi acertada, ainda que um ou outro nome fique faltando. Nada de Vampira ou Jean Grey (tudo bem, essa daqui está atualmente morta nos quadrinhos e há um bom tempo).
Por falar em personagens, a dublagem de cada um ficou a cargo de atores bem conhecidos para quem acompanha filmes e seriados televisivos – não necessariamente dos X-Men. Milo Ventimiglia, o filho doRocky Balboa e também o Peter Petrelli do seriado Heroes faz a voz de um dos personagens principais. A heroína japonesa é dublada por Jamie Chung, atriz de filmes de ação, como a adaptação de Dragon Ball Z para os cinemas. Até mesmo o sempre presente Nolan North (da série Uncharted e um monte de outros jogos) está no elenco.
Sem mutação no visual
O trabalho gráfico de X-Men: Destiny não chama a atenção. Por ser um jogo avançado da atual geração, esperávamos ao menos modelos bem detalhados, cenários cheios da vida e cores dos quadrinhos e mais um monte de efeitos legais. Bom, tudo passa bem longe disso, já que a coisa toda é ao contrário do que citamos.
Os cenários são genéricos, os personagens não possuem visual nada inspirado e até os heróis famosos, com visuais já estabelecidos, estão representados de forma estranha no jogo. Como um todo, os gráficos não saltam aos olhos.
Conclusão
X-Men: Destiny talvez valha a pena para os fãs, já que é possível “contracenar” com uma série de personagens famosos dos quadrinhos e até viver um pouco de suas histórias. Mas, para quem procura apenas um jogo de ação de qualidade a coisa vai desandar. O game não apresenta a variação prometida e tem uma jogabilidade bastante repetitiva. Vale citar que os gráficos são fracos, a história é curta e não incentivo para uma segunda jogada. No final, algumas poucas coisas se salvam, mas é melhor não se preocupar muito com este X-título.
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